segunda-feira, 12 de março de 2018

A Pedagogia Quântica


Compreender a Teoria da Complexidade de Morin é disponibilizar-se a equacionar os problemas planetários, em reflexões conscientes e responsáveis. Inserir mentes pensantes em contextos emergentes e urgentes é colaborar para a criação de um fluxo de ativistas autoconscientes, capacitados à mobilização, de alterar as ordens pré-estabelecidas do movimento do realismo material tão incrustado em nossas vidas. As famílias e as escolas (Poder Público) são responsáveis por essa manutenção, no entanto, percebe-se que cada vez mais, que existem falhas de ambas, em suas atribuições e responsabilidades, justamente por não estarem articuladas nesta missão. Um dos pré-requisitos, para que os alunos (crianças e jovens), impulsionem-se para um ativismo quântico nas escolas, é de perpassar o caminho da criatividade, e quando essas crianças, sentem-se acolhidas na escola e em suas famílias, despertam para essa criatividade com muito mais facilidade. Krowczuk (2009), trata da importância da relação família-escola, em prol dos estudantes e da comunidade em geral.
Portanto, a educação de excelência deve acontecer em um processo complexo, interativo, regado de afetos e de doações, onde todos são aprendentes e descobrem-se aprendizes e encantados com o objeto apreendido. No entanto, para evidenciar a escolarização, que seja acometida de boa qualidade, percebe-se que, a participação de todos neste processo(stakeholders) é imprescindível. E como seria possível, interromper o processo de desencantamento com a educação ? Pensa-se que, passa-se pela compreensão, apreensão e implementação da Pedagogia Quântica no ambiente educacional, nomeadamente em sua cultura.
A Pedagogia Quântica apoia-se em um movimento diversificado e sensível, com o nascimento da Teoria Quântica, fundamentada por vários cientistas, como Planck, Einstein, Rutherford, Bohr, Schrodinger, Pauli e Bohm. Com essa Teoria muitas divergências nasceram, mas é na interpretação de David Bohm, que surgiu a teoria das variáveis ocultas, e em 1959, o cientista concluiu que existe uma totalidade no mundo, dando-nos a ideia de um holismo permanente entre todos os seres e todas as coisas (Levada, 2011).
É necessário a conscientização coletiva, de que a mudança e a transformação sejam necessárias diante das crises. O desafio, enquanto profissionais da educação, nos é colocado e segundo Capra (1982), enquanto “seres civilizacionais” temos a tendência de produzir a resposta ao caminhar-se à “Era da Transição”, para tanto contextualiza o autor:
Essa transição pode ocorrer espontaneamente, através da influência de alguma civilização já existente, ou através da desintegração de uma ou mais civilizações de uma geração mais antiga. Toynbee vê o padrão básico na gênese das civilizações como um padrão de interação a que chama "desafio-e-resposta". Um desafio do ambiente natural ou social provoca uma resposta criativa numa sociedade, ou num grupo social, a qual induz essa sociedade a entrar no processo de civilização (p.16).
Usar a alegoria metafórica do Universo Quântico nas escolas, é colaborar para a criação de um clima organizacional, onde o diálogo e a compreensão de todos que dela façam parte, seja um princípio norteador neste fluxo de sinergias integradoras. É possível estar com o outro, compreendê-lo, admirá-lo ou criticá-lo, mas acima de tudo, modificar uma realidade aparente, em que todos façam parte de um movimento e esforço coletivo, almejando o crescimento e melhoria de todos em tudo, que os rodeia.
Neste sentido, é possível através da Pedagogia Quântica, oferecida pelos gestores educacionais, levar a organização ao sucesso, fazendo nascer dessa sinergia, as possibilidades que a Escola possui, em busca de uma Pedagogia de Excelência.  Schein (2009) afirma que os facilitadores de todo o processo de Relações de Ajuda devem garantir, como via de encontrar o sucesso, que os gestores organizacionais envolvam-se com as problemáticas da criação mútua dessa partilha. No entanto, o autor é enfático em orientar, que essa relação seja permeada pela permissividade do outro, de forma espontânea e generosa.
Para tanto, muitas das mentalidades administrativas, devem mudar o foco das suas atuações. É imprescindível colocar o aluno no mesmo patamar dos colaboradores, onde a organização Escola, ao lidar com os aspetos sociais inerentes à sua prestação de serviços, possa vislumbrar os esforços e compreender que o aluno (cliente final) tem que despertar para a sua própria aprendizagem, em um processo permeado de autonomia. Precede ainda, neste processo nivelador, garantir na Pedagogia Quântica, o envolvimento da comunidade escolar para vivenciarem práticas com valores éticos, estéticos e políticos.
Atingir uma boa Qualidade no Ensino e garantir a ação para uma Pedagogia de Excelência, não é uma tarefa fácil, mas urgente. Atingir os quatro pilares educacionais para a Educação do Século XXI, como sugere o Relatório da UNESCO de 1996, aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, e aprender a ser, só poderão se desenvolver num ambiente educacional harmónico, emancipador, democrático, inclusivo e significativo (Freire, 1987).
Na outra ponta do “iceberg”, encontram-se os educadores que devem perceber a importância que têm à sociedade. É um facto que o desprestígio pela profissão acontece cada vez mais em várias partes do mundo. O salário remunerador não é digno, por vezes a violência que assola a Escola é brutal e, por fim, deparam-se com uma forma de total inconsciência do ato de educar. No entanto, quem escolhe a carreira do magistério tem que se sensibilizar e convencer-se de que a docência, consciente e responsável, é o único caminho de transformação de toda uma sociedade.

 Referencias Bibliográficas:


          Capra, F. (1982). O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. Tradução de Álvaro Cabral.
Delors, J., Chung, F., Geremek, B., Gorham, W., Kornhauser, A., Manley, M., ... & Suhr, M. W. (1999). Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: UNESCO.
Etzioni, A. (1967). Mixed-scanning: a'third'approach to decision-making. Public administration review, 27(5), 385-392.
Freire, P. (1987). Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª Ed. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro. 
Freire, P. (1997). Pedagogia da autonomia-Ed. Paz e Terra-São Paulo.
Levada, C. L., Maceti, H., Lautenschleguer, I. J., Levada, M. D. M. O., & Ometto-Uniararas, c. u. h. O que é pedagogia quântica?.
Lima, L., Silva, E., Torres, L., Sá, V., & Estêvão, C. (2011). Perspectivas de análise organizacional das escolas. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão.
 Macedo, L., Petty, A. L. S., & Passos, N. C. (2009). Aprender com jogos e situações-problema. Artmed Editora.
Morin, E. (2002). O problema epistemológico da complexidade (3ª ed.). Sintra: Publicações Europa-América.
           Paro, V. H. (2005). Administração escolar: Introdução crítica (13ª ed.). São Paulo, SP: Cortez.
          Perrenoud, P. (2000). Pedagogia diferenciada. Porto Alegre, RS: Artmed.
Schein, E. H. (2009). Cultura organizacional e liderança. Atlas.



1 comentário:

E lá se vão 8 anos!