Compreender a Teoria da Complexidade de
Morin é disponibilizar-se a equacionar os problemas planetários, em reflexões
conscientes e responsáveis. Inserir mentes pensantes em contextos emergentes
e urgentes é colaborar para a criação de um fluxo de ativistas autoconscientes,
capacitados à mobilização, de alterar as ordens pré-estabelecidas do
movimento do realismo material tão incrustado em nossas vidas. As famílias e as
escolas (Poder Público) são responsáveis por essa manutenção, no entanto,
percebe-se que cada vez mais, que existem falhas de ambas, em suas atribuições
e responsabilidades, justamente por não estarem articuladas nesta missão. Um
dos pré-requisitos, para que os alunos (crianças e jovens), impulsionem-se para
um ativismo quântico nas escolas, é de perpassar o caminho da criatividade, e
quando essas crianças, sentem-se acolhidas na escola e em suas famílias,
despertam para essa criatividade com muito mais facilidade. Krowczuk (2009),
trata da importância da relação família-escola, em prol dos estudantes e da
comunidade em geral.
Portanto, a
educação de
excelência deve acontecer em um
processo
complexo,
interativo, regado
de
afetos e de doações,
onde
todos são aprendentes e
descobrem-se
aprendizes e
encantados com o
objeto apreendido. No
entanto, para
evidenciar a
escolarização, que
seja acometida de boa
qualidade,
percebe-se que,
a participação de
todos neste processo(stakeholders) é
imprescindível. E
como seria possível,
interromper o
processo de
desencantamento com a
educação ?
Pensa-se que,
passa-se pela
compreensão,
apreensão e
implementação da
Pedagogia Quântica no
ambiente educacional, nomeadamente em sua cultura.
A Pedagogia Quântica apoia-se
em um movimento diversificado e sensível, com o nascimento da Teoria Quântica,
fundamentada por vários cientistas, como Planck, Einstein, Rutherford, Bohr,
Schrodinger, Pauli e Bohm. Com essa Teoria muitas divergências nasceram, mas é
na interpretação de David Bohm, que surgiu a teoria das variáveis ocultas, e em
1959, o cientista concluiu que existe uma totalidade no mundo, dando-nos a
ideia de um holismo permanente entre todos os seres e todas as coisas (Levada,
2011).
É necessário a conscientização
coletiva, de que a mudança e a transformação sejam necessárias diante das
crises. O desafio, enquanto profissionais da educação, nos é colocado e segundo
Capra (1982), enquanto “seres civilizacionais” temos a tendência de produzir a
resposta ao caminhar-se à “Era da Transição”, para tanto contextualiza o autor:
Essa transição pode
ocorrer espontaneamente, através da influência de alguma civilização já
existente, ou através da desintegração de uma ou mais civilizações de uma
geração mais antiga. Toynbee vê o padrão básico na gênese das civilizações como
um padrão de interação a que chama "desafio-e-resposta". Um desafio
do ambiente natural ou social provoca uma resposta criativa numa sociedade, ou
num grupo social, a qual induz essa sociedade a entrar no processo de
civilização (p.16).
Usar a alegoria metafórica do
Universo Quântico nas escolas, é colaborar para a criação de um clima
organizacional, onde o diálogo e a compreensão de todos que dela façam parte,
seja um princípio norteador neste fluxo de sinergias integradoras. É possível
estar com o outro, compreendê-lo, admirá-lo ou criticá-lo, mas acima de tudo,
modificar uma realidade aparente, em que todos façam parte de um movimento e
esforço coletivo, almejando o crescimento e melhoria de todos em tudo, que os
rodeia.
Neste sentido, é possível através da
Pedagogia Quântica, oferecida pelos
gestores educacionais, levar a organização ao sucesso, fazendo nascer dessa
sinergia, as possibilidades que a Escola possui, em busca de uma Pedagogia de Excelência. Schein (2009) afirma que os facilitadores de todo o processo de Relações de
Ajuda devem garantir, como via de encontrar o sucesso, que os gestores organizacionais
envolvam-se com as problemáticas da criação mútua dessa partilha. No entanto, o
autor é enfático em orientar, que essa relação seja permeada pela
permissividade do outro, de forma espontânea e generosa.
Para tanto, muitas das mentalidades administrativas,
devem mudar o foco das suas atuações. É imprescindível colocar o aluno no mesmo
patamar dos colaboradores, onde a organização Escola, ao lidar com os aspetos
sociais inerentes à sua prestação de serviços, possa vislumbrar os esforços e
compreender que o aluno (cliente final) tem que despertar para a sua própria
aprendizagem, em um processo permeado de autonomia. Precede ainda, neste
processo nivelador, garantir na Pedagogia Quântica, o envolvimento da
comunidade escolar para vivenciarem práticas com valores éticos, estéticos e políticos.
Atingir uma boa Qualidade no Ensino e garantir a ação
para uma Pedagogia de Excelência, não é uma tarefa fácil, mas urgente. Atingir
os quatro pilares educacionais para a Educação do Século XXI, como sugere o
Relatório da UNESCO de 1996, aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, e aprender a ser, só poderão se desenvolver
num ambiente educacional harmónico, emancipador, democrático, inclusivo e
significativo (Freire, 1987).
Na outra ponta do “iceberg”, encontram-se os educadores
que devem perceber a importância que têm à sociedade. É um facto que o
desprestígio pela profissão acontece cada vez mais em várias partes do mundo. O
salário remunerador não é digno, por vezes a violência que assola a Escola é
brutal e, por fim, deparam-se com uma forma de total inconsciência do ato de
educar. No entanto, quem escolhe a carreira do magistério tem que se
sensibilizar e convencer-se de que a docência, consciente e responsável, é o
único caminho de transformação de toda uma sociedade.
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